quinta-feira, 21 de maio de 2009

Amigos com o tempo

Novo rumo, lá ia o velho a descer pela calçada, lá ia mais uma sem guarda-chuva no meio daquele temporal que se estendia lá fora, mas o melhor, são dois amigos, que o tempo os juntou.
Nunca se intitularam como grandes pessoas, como indispensáveis, porque na verdade todos podemos viver uns sem os outros, mas também precisamos deles, de vez em quando.
Mas estes dois, viveram o que o tempo lhes deu, tornaram-se amigos na escola, crianças, plenas de energia e espírito, foram crescendo conforme a vida lhes deixava.
Começaram a partilhar muita coisa, a mesa de escola, a estar com os mesmos amigos, a combinar brincadeiras e tardes em que ambos participavam. Um mar de coisas, que diga-se, normal de duas crianças que se conhecem e vivem no mesmo mundo.
Aliás, é a história de um rapaz certinho e de um rapaz fora de linha. Um que tirava boas notas, tinha apenas o percurso casa - escola, enfim, era daqueles alunos que qualquer pai se orgulhava. Do outro lado um rapaz, que pouco estudava, queria era brincadeira, perder um fim-de-semana, não para o estudo mas sim, para divertimento, adrenalina, sempre no bom da vida.
Que bela junção! Começou por ganhar o lado mais óbvio, o lado da brincadeira, que não lhe chamo lado do mal, aliás, é um dos melhores lados na infância, tanto que começou a desviar-se dos estudos. As notas começaram a ter o seu valor e acréscimo, começou a ligar menos ao estudo e inclusive, os dois foram expulsos duma aula.
Era a primeira expulsão do rapaz bem comportado. Como foi isto acontecer? Mas ele nem se interessou por isso, estava a gostar tanto da coisa que nem ligou.
Pode-se dizer que com o tempo, passaram-se anos, por volta de 3 anos, e ele cresceu, conseguiu conciliar tudo, chegando a uma certa idade que sabia comportar com os dois lados, e isso devia ao seu amigo, que lhe mostrou o mundo da brincadeira, o mundo do bem estar. Apesar de tudo, foi bom.
Mas ele continuava igual, continuava apenas na brincadeira, e acabaria por reprovar um ano, dois. Muito complicado.
Um dia, parece que se fez luz, continuavam amigos, nunca o deixaram de ser, nem vão deixar, mas naquele dia algo foi diferente.
Conversa e mais conversa, como faziam sempre nas suas caminhadas para a escola, algo dito por ele, de quem não se esperava, começava a gostar de um determinado tipo de música e isto e aquilo. Bem sei que isso não é grande coisa, mas era música romântica, algo que não era nada normal, começou-se a notar uma nova pessoa nele, um crescer de alguém mais maduro.
Como foi bom, um sorriso para o seu amigo, que pensava que o caso estava perdido e afinal, não! Anos e anos, começou a estudar a tirar melhores notas, a lutar para avançar e não como antigamente, esperando que os outros lhe pudessem ajudar.
Já era bom, alguém se tornar nisso, é muito bom, fazia sentir o seu amigo bem, porque sabia que tinha crescido, sabia que estava agora uma pessoa responsável, depositando outro tipo de confiança.
Surpreendente, no dia em que tudo ficou inacreditável para o seu amigo. Ver que ele estava apaixonado, mas não era uma simples atracção como tantas outras na vida, mas sim, algo que o seu amigo já tinha passado e sentido, que agora era a sua vez de passar por essa situação.
Saber disso, e ouvir aquilo dele fez-lhe sentir um enorme orgulho. Um orgulho de amigos que nunca se consideraram, amigos do peito, amigos prontos para enfrentar o mundo, mas o tempo teve o privilégio de fazer com que isso acontecesse.
Afinal, estavam a enfrentar a chuva juntos, como grandes amigos, batalhando contra o tempo, batalhando tudo que os rodeava, contando um ao outro suas aventuras.


[Foto by Shiper]

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