quarta-feira, 19 de maio de 2010

Último Minuto

Vinham aquelas quatro pessoas, almas de uma vida académica, depois de uma outra noite passada ao som de meia dúzia de indivíduos que tiveram a ideia de formar uma banda.
Silvana, Gabriela, Mel e Martim, atravessam no momento a ponte de Santa Clara entre conversas acesas sobre uma vida tão intensa como vive um jovem estudante. Partilhando as ideias quentes e confusas, provenientes de uma idade tão perspicaz aos impulsos.
Sem ninguém se aperceber, Mel e Martim iam trocando olhares. Depois de uma noite eterna entre sorrisos e toques, eles ligavam-se cada vez mais.
Conversas a fio e tantas horas que se perderam no tempo, todas essas que moldaram aquela especial ligação entre eles.
Sem notarem e distraídos, Martim ia na frente e nem sequer estava a ligar onde estava. Quando dão conta, estavam todos no meio da estrada, em pleno largo da portagem e um carro colhe Martim. Tudo aconteceu tão rápido que nem houve tempo de se pensar como é que aquilo aconteceu.
As pernas voaram-lhe por cima do corpo que embateu contra o vidro dianteiro, o automóvel ficou estilhaçado e o condutor inconsciente. Martim foi projectado a uns 3 metros e ficou inanimado.
As três companheiras dele entraram em pânico, chamaram o INEM e rapidamente ele estava a receber os primeiros socorros. Entre lágrimas e sustos, estavam as três tremendamente assustadas.
Quando se preparavam para levar o Martim para o Hospital, a Silvana decide ir com ele. Contudo, é Mel que lhe diz que não.
- Não, tu não vais, vou eu. Neste momento se ele precisa de alguém sou eu.
Silvana sem nada dizer, consente e deixa-a ir.
- Desculpe! Mas ele só pode ser acompanhado por familiares…
Sem deixar o paramédico acabar ela responde sobrepondo as palavras.
- Sim, sou a namorada dele. - Não era, mas sabia que só assim podia ir com ele e acompanha-lo.
Depois de ter entrado e o ter visto, as lágrimas voltam a percorrer-lhe a face, vendo ali aquele pobre corpo debilitado. Por momentos recupera os sentidos, cheio de dores sorri quando a vê, pega-lhe na mão e diz:
- Amo-te Mel!
Volta a desmaiar. Perde os sentidos enquanto ela o acompanha entre choros e recordações.
(3 dias depois)
- Se quiseres ir para casa vai, eu fico aqui com ele. – Palavras da sua amiga Gabriela que a tinha visto ali nos três dias que passaram.
- Não, eu quero ficar. Eu quero estar ao lado dele quando ele acordar, ele precisa de mim, e ele vai querer que eu aqui esteja.
- Ele vai compreender se tu não estiveres aqui, não te vai culpar por nada.
- Mas eu quero ficar. Enquanto ele não acordar, eu não saio daqui.
A Gabriela, tal como a Silvana, faziam as visitas habituais. Tentavam saber novidades e iam vê-lo sempre que possível. Já Mel, tinha ficado com ele aquele tempo todo. Tinha a vontade de lhe dar aquilo que ele lhe deu, força de acreditar.
Por vezes, as forças esgotavam-se, os olhos pesavam e ela deixava-se dormir. Cansada, encostava-se ao sofá que ficava ao lado da cama de Martim.
Estava Mel a dormir, quando ele abre os olhos. Primeiro tentou perceber o que se passava e onde estava, até que se lembrou do acidente, mas tudo foi esquecido quando a viu. Deixou escapar um sorriso tão grande e acomodou-se na cama, ficando a olha-la.
Era tão mágico vê-la dormir, parecia um anjo que formava palavras doces para tornar o mundo das pessoas um mundo maravilhoso.
Ela vai despertando e ele sorrindo cada vez mais, até que se depara que ele já está mesmo acordado e com um salto descola do sofá e vai ter com ele.
- Olá Mel!
- Martim, acordaste! Estás bem, está tudo bem contigo?
- Sim, nunca me senti melhor!
- Desculpa ter sido parva todo este tempo…eu também te amo.

Beijaram-se e ali começou a história de mais um amor eterno. Por vezes é preciso sentir que se está a viver o último minuto para se dizer que se ama às pessoas de quem amamos.

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