“Asas servem p’ra voar
P’ra subir ou p’ra planar…”
A rádio consegue trazer a magia de uma coisa que já tinha esquecido o significado, Nostalgia. As músicas de sempre voltam até mim com a mesma força, as letras tem o mesmo impacto e as vibrações sonoras não se perdem no tempo.
Fez-me recordar da minha infância, aqueles tempos em que o tempo era grande, em que o sol parava no céu e ficava horas e horas enquanto eu cá em baixo jogava à bola.
Nesses tempos, tirava moedas do mealheiro do meu pai para ir comprar bolos e batatas fritas, dançava por toda a casa ao som daqueles discos que eram da década passada.
Os primeiros filmes, que no fundo, são os que mais me lembram a puberdade. É uma surpresa viver tudo aquilo, algo que nós começamos por não entender muito bem o que é.
Ficamos confusos com tudo, pensamos que o mundo nos persegue e que somos culpados de tudo. Parece que tudo o que fazemos é errado e não acertamos com nada, temos culpa de tudo o que os adultos vivem. Os adultos, que pareciam os problemáticos por andarem sempre a lixar a nossa cabeça, eram na verdade os que tinham a razão e, hoje, percebo bem que, lidar com os seus problemas mais os problemas dos outros, neste caso os meus problemas, não é tarefa fácil.
Desculpa Pai, Desculpa Mãe, eu era apenas uma criança.
Daqueles filmes, lembro-me de viver coisas que nunca antes tinha vivido. Ver um filme não é simplesmente ver uma pequena história, é sim, viver uma história.
As músicas misturam-se com as imagens, e os cheiros com as recordações. Tantos foram os dias, que em vez de estudar tinha a GameBoy escondida debaixo dos livros.
Brincava e vivia sem me preocupar com nada. Agora, resta apenas uma tremenda saudade e vontade de ter aquilo que desperdicei.
Todos desperdiçamos esse tempo e todos falamos do mesmo. Desta vez, fui eu a fazer parte de um gigantesco aglomerado de pessoas que por isto passaram.
“Asas são para proteger,
Te pintar, não te esquecer”
“E só quando quiseres pousar
A paixão que te roer”
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