sábado, 23 de outubro de 2010

A Máscara do Mundo Pintado

Saber que estou no topo provoca-me medo de cair. Estou num mundo que não é o meu e não me parece que vá entrar. Se já entrei, estou metido em sarilhos. Parece que flutuo numa plataforma construída de uma madeira muito frágil que vai cair no próximo instante.
Quando acordares, chegaste tão baixo que, para ti, é só escuridão e já não existe sol. A luz acabou e o mundo acabou também.
Enganei-me no andar. Aquela terrível sensação de que nada é familiar, nada parece real e ninguém é verdadeiro. Sorrisos falsos e companhias compradas com o dinheiro.
Uma luxúria tão grande que faz de bestas avarentas estas pessoas que circulam à volta do meu invisível corpo. As caras da televisão estão aqui hoje, todas elas. Ninguém se importa com ninguém, jogam apenas interesses e favores.
Nesta mesa a big blind e a small blind são dois valores perigosos e um call pode mudar muito na vida de alguém.
Nesta noite, sob o orvalho, escuto os sapatos caros e os saltos altos abandonarem o local. Vejo-os entrar em carros de alta gama e prosseguiram com a sua modéstia mentira.
O breve silêncio é quebrado por alguém que nunca entrou ali, alguém que vive de fora e não quer entrar, apenas pedi um cêntimo a cada um. Um ligeiro cêntimo que podia mudar a sua vida. Indignado pela injustiça, vai-se embora banhado em lágrimas insultando tanta gente. Chamando os verdadeiros nomes daquelas pessoas.
As lágrimas eram apenas uma revolta de nada daquilo que lhes afectar. Viver de tal forma dentro de uma máscara que já não possui sentimentos.

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