segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pedaços Rasgados

Já não tenho asas. Estampei-me num chão cheio de pedras e areais movediças.
Hoje, não quero ser quem sou. Agora não quero ser eu. Perdi a certeza das coisas e o mundo à minha volta tornou-se tão inquieto quanto a lágrimas que derramo.
O teu ombro já não as suporta e tu já não aguentas os meus soluços. Num silêncio sem palavras, já nem escutas a distância que nos separa e isto está a consumir parte da minha alma.
Com o coração despedaçado estou a morrer aos poucos e estou a desaparecer cada vez mais.
Estas areias são mortais e os meus olhos estão pesados. Demasiado carregados de ódio e angústia. Revolta e dor.
Esta noite não quero mais ser quem sou. Esta noite vai-se tornar numa eterna madrugada que apenas espera o teu perdão.
Vou cair num sono em que só espero uma coisa. Que me perdoes para que possa acordar em paz e sorrir novamente.
Mas estes olhos ainda continuam pesados e moribundos. Eu tornei-me um mendigo dos meus erros e já nem vejo a luz dos segredos que guardo.
Desta vez, não quero mesmo ser quem sou.

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