Viagem Solitária

Rumar pela estrada e fugir do destino por vezes tens os seus contratempos. Por vezes, é uma viagem que muitos fazem sozinhos, onde muitos se perdem e grande parte deles nem sequer regressa.
A viagem que às vezes impele decisões e provocam ainda mais, são mártir de uma guerra interna consigo mesmo. Uma guerra que os livros de história não mencionam, que não há memória. Ninguém se preocupa com a guerra que cada soldado tem quando entra no campo de batalha. Como pode alguém pegar numa arma de fogo se dentro de si já leva explosivos detonados e outros tantos prontos a detonar?
O irracional humano faz coisas sem pensar e sem consciência das coisas, no entanto, há piores. Há os que fazem com consciência disso, humilham e aproveitam-se de quem é fraco.
Nesta lei do mais forte, lá voltam os que fogem e deixam o lar, os que não se sentem preparados e vão em busca da verdade, uma verdade que são eles que carregam dentro de si, uma verdade que poderia ser descoberta sem sair do próprio quarto onde dormem.
Esses são as mentes perdidas que não aclamam ajuda. São a vozes caladas que se sentem abandonadas no meio de uma multidão. Nesse quarto partilhado com alguém que ama, que lhe ama também, sente-se Ainda mais abandonado não acreditando que essa pessoa está do seu lado.
Lamenta-se a Deus que nada lhe diz, um Deus que não existe e é invenção de um povo cheio de erros e injustiças, cheio de crueldade, medos e ganância. Volta a ganância e o dinheiro, esquecem-se do amor e da paz, da bondade e da serenidade.
Pensam que as pessoas que lhe cercam o corpo que transportam estão cegas, demasiado cegas para entender o seu sofrimento. Pensam que somos todos surdos por não escutarmos aquelas revoltas silenciosas. No fim, questionam-se como ninguém vê.
São tudo ilusões que quem viva na angústia de não ter o que gostava de ter, de não viver o que gostava de viver. Não aceitam o bom que têm. Quem assim não quer vive sem nada.

Portishead – Roads

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