Já não basta querer nem é preciso lutar. Já não existe dor nem vitória. Nada existe nesse teu vago mundo.
Agora, não se vivem romances. Agora, não se semeiam laços. Agora, já não há amor.
O presente tornou-se banal e fez esquecer o passado. Fez pensar que os antigos são mesmo antigos e descabidos e as suas teorias que levaram anos a construir, anos a ter resultados, foram jogadas ao lixo. Teóricos vêem assim o seu árduo trabalho de uma vida dedicada a quem vem depois jogada ao mar, esperando que um novo marinheiro lute contra todo este povo e alcance aquela garrafa. A garrafa dos segredos, das equações e que soluciona todo esse problema.
Quantos e quantos receberem com pedras na mão esse marinheiro que não julgaram ser o salvador e as suas teorias eram ridículas. Mesmo depois de ter vingado na vida, chamaram-lhe sorte.
A sorte é a solução radical da mais versátil chave mestra. A sorte é a solução para tudo, podemos ficar parados e se tivermos sorte, ganhamos a lotaria.
O mundo jamais funciona assim. O mundo jamais gira em torno do Sol. Não é só o Sol que existe, há muito mais além, há tanto que não conhecemos e ainda acreditamos em teocracias. Histórias mal contadas que os antepassados ousam fazer crer.Já não há fé nos mais velhos e nas suas experiências de vida, mas há fé no divino. O que há de errado neste mundo? As pessoas não reparam que é mais fácil seguir um exemplo vivo que uma mensagem morta. Há conselhos que percorrem anos e anos e as pessoas seguem-nos, e conselhos que aparecem no dia de hoje por motivos normais. As coisas acontecem agora, descobre-se agora. E nisso, já ninguém acredita, porque já não há génios, há apenas coincidências e a sorte.
A sorte enganosa de quem quer crer nela. A malfeita sorte que não é mais que a escapatória de quem não tem respostas para a dureza do mundo e dos cometas que não o atingem. Essa sorte vai acalmar o povo e matá-lo durante o sono. Um dia, não acordarás desse sono e estarás morto também.
Bendita a tua sorte.
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