quinta-feira, 15 de abril de 2010

Uma estante em Paris

A história começa na Capitania Francesa de Théophile Gautier, nas gastas e velhas folhas de um livro esquecido num quarto em Paris. O eixo do mundo começa aqui, numa breve linha que se confunde com um meridiano não alinhado.
Os livros técnicos guardam segredos ao passo que percorre este dedo de um jovem rapaz por livros que desconheço. São estes livros que guardam dentro de si histórias de passados flutuantes.
Na carta de alguém vejo ali esquecida uma morada da casa onde me encontro. Alguém ali teve uma história e eu continuo a busca.
“La Condition humaine” de André Malraux surge como pausa do meu suspiro. «Onze horas» começa um fugaz parágrafo que me intimida ao passo que leio, num francês suave que se percebe em passos de bebé. Até aqui vejo que passou ali alguém que se preocupava com o mundo.
Não só o mundo tal como ele é, mas aquilo que ele foi. Vejo que alguém se preocupava com o passado dos seus antepassados. Na capa figura Gérard Depardieu e comporta ainda uma dedicatória a alguém devoto a esta visão das coisas, alguém que ocupou o seu tempo com coisas que a muitos não importa.
Salto para o próximo que me leva a crer numa mulher que se preocupava também com uma família. Uma preocupação que só uma mulher tem, diferente do olhar masculino, um olhar solto e que não percebe partes dessa realidade sentimental.
A pausa é grande quando me deparo com uma ligeira colecção de livros que comportam tanto de tão pouco da nossa história e das nossas maravilhas. No entanto, existe tanta coisa interessante que começo-me a apaixonar pela pessoa que ali esteve.
Desde Steinbeck passando por “Dança com lobos” até Agatha Christie, terminando a lista de livros com um breve titulo “Amour et Tourment”. Nada melhor que uma conclusão assim.
Podemos ler muita coisa, ver muita coisa. Podemos conhecer e rever, reler, fazer tudo que queremos. Podemos chegar o mais longe possível no passado e tentar perceber o futuro, opinar sobre o presente e ainda lutar por coisas que nos tiram fora da realidade. A cruel realidade que a vida se resume a isto, no fim haverá somente uma coisa – Amor e tormento.

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