quarta-feira, 9 de junho de 2010

La Solitudine

Se ti nascondi come me

Por vezes, sentimo-nos bem e pensamos que o mundo está ali sentado ao nosso lado. Há dias que vemos todas as pessoas a sorrir para nós e todas a dizerem “Olá”.
Vagueamos pelas ruas e sentimo-nos como se nos estivessem a dar a mão. Voamos e saltamos, com a ideia de que temos um pára-quedas activo.
A vontade de saber que temos alguém e que alguém nos pode ouvir, dá alegria às cordas vocais numa garganta ainda jovem com muito para falar. Palavras que serão sentidas e molestadas por situações que nos façam crescer.
Sem rancor, guardo as memórias e os sorrisos daqueles que acompanham a terrível viagem de um poço sem fundo, daqueles que não se importam e vão comigo para onde for.
Uma queda não acidental porque tudo é propositado.

Sfuggi gli sguardi e te ne stai

De súbito, é quando acordo e aterro desse voo solene. Afinal a minha realidade é esta. Regressei ao mesmo, regressei ao que tudo foi.
Nada mudou, pude sair, mas dentro de um gélido corpo embrenhado de paisagens nocturnas, pensando estar acompanhado por uma lua fria, deparei-me (novamente) sozinho.
Quando pensas que as pessoas estão ali, olha bem, e quem sabe o mundo não é aquela cara que conheces.
É então que percebes a realidade de tudo na vida, há passeios, existem ruas, constroem-se pontes, mas as pessoas circulam sempre sozinhas. As pessoas flutuam por terrenos perigosos que lhes cegam os olhos. Terrenos obscuros que impossibilitam ver que não têm ninguém ao seu lado.
No fim da jornada, percebo.
Se calhar, não são eles que não tem ninguém, sou eu que vivo sozinho e isolado do mundo.

Rinchiuso in camera e non vuoi mangiare
Stringi forte a te il cuscino
Piangi e non lo sai quanto altro male ti farà la solitudine

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