terça-feira, 12 de abril de 2011

Estrela Cadente - Parte 2

Estrela Cadente - A história de um breve sonho

Parte 2

Sete em ponto, estava quase a ficar de noite, já não se via o sol e sentia-se algum frio. Coimbra tornava-se na mágica noite de romance escondendo segredos e Kevin aguardava pelo próximo comboio. Esperava conhecer Sara que lhe tinha prometido viajar até Coimbra, mas ela não apareceu. Era a primeira discussão deles. Ela disse que na última hora surgiram umas complicações e não teve oportunidade de apanhar o comboio. Destronado, Kevin chateou-se com ela e descarregou toda a raiva e frustração de uma vida solitária ao longo destes anos.
No fundo, Sara tinha medo, um sentimento normal que ele não entendia. Sara, como uma rapariga qualquer, mostrava receio de arriscar no desconhecido, viver uma experiência perigosa. Há tanta informação a circular na televisão que já ninguém dorme sem pesadelos. Os filmes aterrorizaram para sempre a juventude daqueles que entram agora na fase de enfrentar a vida. O medo de arriscar estende-se. O medo bloqueia corações.

Passados dois meses voltavam a falar e quando deram conta, estavam perto do Verão. Foi quando depararam que estavam a perder tempo nas suas vidas. A vida que tinha vivido longe dos pais tinha sido fantástica e fez-lhe perceber algumas coisas na vida. O seu corpo também amadureceu e começou a tornar-se num homem. Assim prometera a si mesmo.
Facilmente se perdoaram pelo sucedido no passado e voltaram a marcar novo encontro.
Quase dois anos depois, finalmente se encontravam. Numa casualidade dentro de um centro comercial. Foi estranho no início, conhecerem-se depois de se conhecerem tão bem. Olharem um para o outro e repararem que dentro de cada um eles sabiam tudo, por fora ainda estavam por saber. Naqueles olhares descobriram que se queriam e que podiam sorrir juntos.
As mãos uniram-se e beijaram-se. O primeiro encontro foi demasiado forte para os seus corações e não resistiram. O sorriso que a alma de cada um carrega era uma armadura à tristeza.
Não fizeram planos. Acreditavam no destino e esperavam que as respostas surgissem com o tempo. Ele já não ia a tempo de pedir transferência para o Porto como havia pensado, mas sabia que podia sempre dar um jeito. Coimbra e Porto ficavam a uma hora de distância e nada se podia complicar entre eles. Ela, que era uma aluna impecável tinha grandes notas e como não havia nada dentro da sua área em Coimbra, manteve a ideia inicial de ficar pelo Porto.
Sem planos aguardaram o Verão para que pudessem descobrir do que eram feitos os sonhos. A incerteza do que estavam a viver levava-os a cometer erros que nem jovens apaixonados. Tão normal e natural. Jovens que vivem cegos por uma chama que jamais os guiará pelo mais correcto. Mas quem garante que o mais correcto não é o que se sente dentro do coração?


“É o amor que decide todo o ser humano”
- Jean Massillon -


Fotografia: Rodrigo Oliveira !! http://rodso-art.blogspot.com/

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