sexta-feira, 22 de abril de 2011

As palavras que um dia te forjaram um sorriso são hoje carvão dessa alma sangrenta corrompida de batalhas sem armas. Batalhas invisíveis que todos os dias travamos.
Já não adianta o que faça, já não importa o que diga, não vai ter importância para ninguém, não vai importar para nada. Ninguém vai dar o feedback que um comunicador necessita para perceber se o estão a ouvir. Penso, já, ser mudo. Penso que, se calhar, não falo.
Há uma corda lá fora e bons locais para suicídio. Muitos é no que pensam, muitos é assim que desistem. E os amigos já lá não estão. Por vezes, os amigos pensam que estão presentes mas as suas vidas são sempre mais importantes. Quando nos abrem os olhos, vemos que erramos, vemos que não julgamos as pessoas da melhor maneira.
Corroído por um ácido fatal, sinto a pele cair no chão, sinto os músculos desfazerem-se como arreia e os ossos quebrarem-se. O vento leva tudo e jamais serei recordado. Jamais terei a minha marca. Por vezes, também é preciso morrer para se ser reconhecido, para que alguém nos note. O que se passa com a sociedade? Estão todos loucos?
O sentimento solitário que se sente já não te importa, já não lhes importa. Ninguém quer saber do meu amanhã, ninguém olha para os meus passos amanhã. Ninguém me vê.
Posso-me sentar numa mesa dum centro comercial e a multidão não vai parar para me sorrir, dizer “olá”. No máximo, pedem-me para sair.
A delicadeza já foi uma palavra de outra geração, hoje, resta a falta de respeito que se inspira nas televisões e na comunicação social. Hoje, é um dia cinzento sem chuva, um dia em que nada corre bem e quase atropelava uma senhora.
Amanhã, isto vai desaparecer e ficar no esquecimento e ninguém vai contestar nada, ninguém vai ligar. Sou um mero indivíduo sem morada, sem número de telemóvel, sem identidade, sem nome.
Sou um singelo desconhecido do acaso que escreve sem noção, magoado por alguma razão.

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