domingo, 17 de abril de 2011

A última flor da primavera

Tenho páginas rasgadas por toda a casa. No chão, já não sinto a madeira sob os meus pés, neste momento, sinto letras, lágrimas e lamentações de alguém que viveu amargurado uma vida inteira, uma vida com um vazio enorme numa parte do seu sorrio. Esquecemos de olhar os corações e as razões. Desligamos dos sentimentos e já nada importa para nós.
Tantos que foram os sonhos que a juventude trouxe, tantas foram as palavras de revolução com que tanto se sonhou e, hoje, só o mais comum dos desejos importa.
Junto de uma lareira, sentado numa cadeira, já lá vai o inverno que me trouxe imenso frio para a alma e o coração. Tantos por que passei e ficaram na memória desses tempos.
Todas as lamentações e todas as injustiças tinham sempre os dias contados dentro das nossas vontades. Somos jovens que apenas queremos e não cedemos. Jovens que pensamos demasiado nas coisas e em nada pensamos.
Quando o espelho reflecte a alma que conheces há anos não questiona quaisquer mudanças, não recrimina as borbulhas nem critica o novo penteado. Apenas é sincero e mostra a realidade.
Foi dessa vez que percebi que muito nas vidas das pessoas deviam ser assim, reflexo de realidades. Não devemos reproduzir o que é dos outros, devemos ser quem somos e lutar por aquilo que amamos. Agora, o mundo deixou de ser uma lamentação e o céu volta a brilhar como nos tempos de criança, as nuvens desapareceram e os sorrisos nascem. Às vezes custa crescer, mas também é gratificante suspirar sem preocupações.
Estes são os pequenos passos para se atingir grandes distâncias.

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