segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Uma pequena razão para lutar

Num súbito regresso, hoje vi um dragão voar por cima de mim, cuspindo fogo e bolas de magia quente. Ao lado dele voavam bruxas e espectros estranhos vindos de filmes de terror e contos assustadores.
Os fantasmas do além passeavam nas ruas e os zombies perseguiam-me. Corro sorrateiramente para casa, fugindo à atenção deles. Por norma, nunca possuem inteligência, mas já não há norma nas histórias e a realidade é bem diferente. A realidade é a verdade construída com base numa imaginação. Pensa-se, então é possível. Mas se pensarmos que eles conseguem igualar-nos, estamos a torná-los fortes. Estamos a conceber-lhes armas para uma guerra em que sou somente eu contra eles.
Finalmente cheguei a casa e vejo anjos negros com asas enormes, corpos anoréxicos e caras deformadas. Aqueles olhos negros sugam-me a alma e eu tento fugir-lhes da atenção. Debato-me com aquilo que não aprendi, tento pensar numa solução e sigo as leis da sobrevivência. Um ser humano nunca está pronto para morrer, não quer morrer. O ser humano é um ser frágil e medroso que está sempre a caminhar no sentido inverso da morte.
Mas, que tenho eu a perder? Que me pode fazer pensar não desistir?
Fecho os olhos e no futuro vejo um sorriso, dois sorrisos. A palavra família surge e segue-se a palavra alegria. Constroem-se momentos no meu cérebro e apenas passou um milésimo de segundo.
Aqueles anjos estão a aproximar-se e a querer acabar comigo, e no seguinte milésimo penso no meu filho, na minha mulher, vejo-os brincar e respirar junto de mim. Penso nos dias de sol que vão envelhecer o meu corpo com um orgulho que me vai deixar pronto para morrer.
Então, não estou pronto para ir. Ainda não estou cheio desse orgulho que quero levar comigo um dia ao lado dos meus segredos. Esse orgulho ainda tem pouco face ao que está para vir.
Ergo-me e luto. Ultrapasso os limites e supero-me. Todos os demónios caem aos meus pés e não há rival que me consiga fazer frente. Já não há fim para esta jornada. Agora, que resto só eu, falta o sonho de uma esperança que tarda em chegar.

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